BANZADO 2

Façamos de conta que Domingos Névoa (nome premonitório) nunca foi condenado pelo crime de corrupção por ter tentado subornar o vereador da Câmara de Lisboa, José Sá Fernandes, para que desistisse de uma acção penal por contestação do negócio de permuta dos terrenos do Parque Mayer, pertencentes à Bragaparques.
Façamos de conta que o administrador da Bragaparques não vai sentar-se novamente no banco dos réus este ano para responder pelo mesmo crime, envolvendo desta vez um vereador socialista de Coimbra a quem terá "emprestado" 50 mil euros, em troca do seu voto favorável para a construção de um parque de estacionamento na Baixa da cidade.
Façamos de conta que Domingos Névoa não foi nomeado para a presidência da BRAVAL, uma empresa intermunicipal que trata os resíduos sólidos dos municípios de Braga, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Amaras, Vila Verde e Terras de Bouro.
Façamos de conta que para director-geral da mesma sociedade não foi nomeado Pedro Machado, genro de Mesquita Machado, presidente da Câmara Municipal de Braga há mais de 32 anos.
Façamos de conta que nunca existiram denúncias sobre várias empresas de construção (uma delas é a Rodrigues e Névoa – que detém a Bragaparques) que, alegadamente, teriam benefícios da Câmara de Braga nos concursos pelas obras a realizar no concelho minhoto.
Façamos de conta que o Ministério Público nunca descobriu evidentes casos de enriquecimento injustificado, na investigação ao património de Mesquita Machado, familiares do presidente da Câmara de Braga, alguns vereadores e altos funcionários da autarquia.
Vamos fechar os olhos e façamos de conta que não existe corrupção em Portugal e que, depois do 25 de Abril, todos têm trabalho e terminou a emigração.